Summary: Com elevado teor nutricional, o açaí é comumente associado a uma fruta proveniente da região norte do Brasil. A disseminação do seu consumo em várias regiões do Brasil deve-se principalmente às suas características alimentares e funcionais, uma vez que possui nutrientes pertencentes às classes de antocianinas e ácidos graxos insaturados, entre outros (TEIXERA e SOLTO, 2015). A presença desses compostos está associada com a atividade antioxidante, redução do dano oxidativo e inflamatório em neurônios, efeitos potenciais antiproliferativo e anti-inflamatório, efeito ateroprotetor e efeito protetor contra carcinogênese (PACHECO-PALENCIA et al., 2008; SCHAUSS et al., 2006; KANG et al., 2012; NORATTO et al., 2011; FRAGOSO et al., 2013; POULOSE et al., 2014). Além disso, a semente do açaí possui teores consideráveis de óleo, podendo ser usada como fonte de energia alternativa e produção de medicamentos (FILHO e FERREIRA, 2012).
Todos esses fatores contribuíram para o aumento do interesse pelo açaí nos últimos anos. Antes caracterizado por vendas regionais, o açaí atualmente possui importância nacional e internacional.
Dentro das espécies nativas do Brasil as mais importantes, do ponto de vista agroindustrial são Euterpe edulis (açaí-jussara), Euterpe oleracea (açaí-touceira) e, bem secundariamente, Euterpe precatoria (açaí-solteiro). A E. edulis é nativa da Floresta Atlântica e Cerrado, enquanto as duas últimas da Bacia Amazônica.
Embora coloquialmente as espécies mais consumidas no Brasil sejam denominadas como açaí, apenas a espécie E. oleracea pode receber essa denominação (EMBRAPA, 2016). Assim, ainda não há regulamentação para comercialização das demais espécies sob o nome de açaí.
Por ser comercializada na forma de polpa ou suco, a identificação da espécie utilizada nos estabelecimentos alimentares fica impraticável. Torna-se relevante então disponibilizar ferramentas que tornem possível a identificação das espécies utilizadas em estabelecimentos comerciais.
As limitações do sistema de identificação morfológica e a insuficiência de taxonomistas especializados nos diferentes grupos de organismos impulsionaram o desenvolvimento de novos métodos para a identificação de espécies como, por exemplo, o desenvolvimento do “Projeto do Código de Barras da Vida” (The Barcode of Life Project). Este projeto propõe um sistema único e universal com o objetivo de identificar todos os organismos em nível específico, utilizando-se um pequeno trecho de DNA de uma região padronizada do genoma. Essa sequencia de DNA pode ser usada para identificar diferentes espécies, da mesma maneira que um scanner de supermercado usa as listras pretas do código de barras UPC (Universal Product Code) para identificar suas compras. (HEBERTH et al., 2003; AZEREDO, 2005).
A região do gene que está sendo usado por quase todos os grupos de animais é de 648 pb do gene mitocondrial citocromo c oxidase 1 ("CO1"), e está se mostrando altamente eficaz na identificação de pássaros, borboletas, peixes, moscas e outros grupos de animais. A vantagem de usar COI é que a região é curta o suficiente para ser sequenciada de forma rápida e barata e longa o suficiente para identificar variações entre as espécies. O código de barras COI não é eficaz para a identificação de plantas, pois elas evoluem muito lentamente, mas duas regiões do gene no cloroplasto, matK e rbcL, foram aprovadas como as regiões de código de barras para as plantas terrestres (BRBOL, 2016).
Uma alta universalidade, mas com pouca resolução entre as espécies é fornecida pelo rbcL, enquanto matK oferece alta resolução, mas menos universalidade. A combinação destes dois genes pode ajudar a alcançar maior discriminação entre espécies. No entanto, em alguns casos, como em espécies muito próximas geneticamente, a capacidade discriminatória destes dois marcadores é baixa (SINGH et al., 2012; CAMERON et al., 1999). Assim, o grupo chinês especializado em plantas do CBOL, propôs a adição do gene nuclear ITS (Internal Transcibed Spacer) em combinação com matK e rbcL para serem utilizados como código de barras em plantas a fim de alcançar o máximo de discriminação em espécies estreitamente relacionadas (CBOL, 2009).
Aplicações práticas do código de barras de DNA já podem ser encontradas na literatura. Dentre elas podemos citar as aplicações em botânica e toxicologia forense (FERRI et al., 2009), no combate ao comércio ilegal de ovos e animais silvestres (GONÇALVEZ, 2009), na entomologia forense (ABE et al., 2012), na avaliação de impactos ambientais, como por exemplo, de espécies animais encontradas mortas atropeladas em rodovias próximas às reservas ambientais (RODRIGUEZ-CASTRO & GALETTI, 2011) e no rastreamento de fraudes em alimentos (GALIMBERTI, 2013).

Starting date: 16/05/2017
Deadline (months): 48

Participants:

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Coordinator * GREICIANE GABURRO PANETO
Student Doctorate * MAGDA DELORENCE LUGON
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