UMA NOVA PROPOSTA PARA TERAPIA PSICOMOTORA E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN E COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA UTILIZANDO ROBÔ SOCIALMENTE ASSISTIVO
Nome: SHEILA DA LUZ SCHREIDER
Data de publicação: 25/10/2024
Banca:
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Papel |
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CAROLINE CUNHA DO ESPÍRITO SANTO | Examinador Externo |
ÉBERTE VALTER DA SILVA FREITAS | Examinador Externo |
ELIETE MARIA DE OLIVEIRA CALDEIRA | Coorientador |
NICOLÁS JACOBO VALENCIA JIMENEZ | Examinador Externo |
SONIA ALVES GOUVEA | Examinador Interno |
Páginas
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento neuropsicomotor atípico, prejuízos na comunicação e na interação social, comportamentos repetitivos, estereotipias e
manifestações de preferência por um repertório restrito de interesses e atividades. As crianças com TEA podem apresentar na primeira infância hipotonia muscular e déficit de equilíbrio, levando a um atraso neuropsicomotor. A Síndrome de Down
(SD) é a alteração genética mais comum nos seres humanos, caracterizada por um desequilíbrio na constituição cromossômica, relacionado ao cromossomo 21. A hipotonia é uma das características típicas de indivíduos com SD e, exerce influência no controle postural e na propriocepção. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos de três protocolos terapêuticos de gameterapia, através de jogos sérios, aplicados por meio do robô socialmente assistivo MARIA T-21, que é um acrônimo em inglês para "Mobile Autonomous Robot for Interaction with Autistics and Trisomy 21 (Down Syndrome)", para a avaliação da propriocepção e do equilíbrio postural de crianças e adolescentes com TEA e SD. Adicionalmente, foi avaliado o desempenho funcional e o progresso terapêutico dessas crianças e adolescentes através da análise de imagens corporais, captadas por um sistema multicâmeras dispostas nos 4 cantos da sala de experimentos, para avaliar o desempenho funcional e o progresso terapêutico dos participantes. Os jogos sérios utilizados na pesquisa eram projetados pelo robô MARIA T-21. A amostra foi
composta por 20 crianças e adolescentes, sendo 11 com TEA e 9 com SD, com idades entre 5 e 18 anos, divididas em três grupos de coleta de dados. Essas crianças e adolescentes foram recrutadas das instituições Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (AMAES Vitória), Vitória Down e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Vitória e de Vila Velha. Antes de iniciar os protocolos de jogos sérios, os pais/responsáveis pelas crianças e adolescentes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, e as crianças e adolescentes foram submetidas a uma avaliação psicomotora baseada na Bateria Psicomotora de Victor da Fonseca. Os pais/responsáveis das crianças e adolescentes da terceira etapa da coleta de dados responderam ao questionário PEDI-CAT, uma ferramenta de avaliação funcional, antes e após a aplicação do protocolo de jogos
sérios. Esse protocolo consistiu de 10 sessões de 45 minutos nas instituições AMAES Vitória e APAE Vitória e 4 sessões de 45 minutos na instituição APAE Vila Velha, duas vezes por semana, com foco no treinamento da propriocepção, do equilíbrio e da praxia global e fina. Foram utilizados os jogos Sequência Sonora, Jogo da Arara, Amarelinha, Comida Saudável, Cross Kids, Bricks e Guerra nas Estrelas, além de atividade de Aquecimento e de Desenho (chamada Desenhe Comigo). Ao final do protocolo, as crianças foram submetidas a uma avaliação psicomotora idêntica à inicial. Os resultados mostram que a utilização do robô
MARIA T-21 e dos jogos sérios foi uma estratégia terapêutica eficaz, proporcionando uma abordagem lúdica e aumentando a adesão das crianças à terapia. Houve uma melhora significativa no perfil psicomotor das crianças e adolescentes, com ganhos na sustentação de posturas, como apoio unipodal e ponta dos pés, além de um aumento na média dos níveis alcançados no Jogo da
Arara. A análise das imagens corporais de duas adolescentes com SD revelaram flutuações no controle postural, com aprimoramento na eficiência motora ao longo das sessões. A ferramenta de análise de imagens utilizada, o BalancePro,
demonstrou grande importância para o acompanhamento da evolução dessas duas adolescentes avaliadas, fornecendo dados numéricos sobre o movimento durante a realização da tarefa analisada. Em conclusão, o uso do robô MARIA T-21 e dos
jogos sérios neste estudo mostrou-se uma alternativa promissora para a reabilitação motora de crianças e adolescentes com TEA e SD, contribuindo para a melhoria das habilidades motoras e o desenvolvimento global dessas crianças e adolescentes, facilitando a sua inserção em contextos escolares e sociais, e promovendo uma maior autonomia. Acredita-se que, para as famílias, esses avanços podem resultar em melhorias na qualidade de vida e nas interações familiares, além de facilitar a inclusão social e escolar das crianças e adolescentes.