Avaliação do Papel de Inflamassomas no Desenvolvimento in vitro do Carcinoma Ovariano e o Potencial Como Novos Alvos Terapêuticos em Caso de Quimiorresistência

Resumo: Paradoxalmente à sua baixa prevalência, o adenocarcinoma de ovário (CAOV) está associado ao prognóstico pobre que pode ser explicado, ao menos em parte, à inexistência de sinais e sintomas patognomônicos da doença e à quimiorresistência adquirida ao esquema terapêutico de primeira escolha à base de derivados de platina e taxanos. Como consequência, CAOV é diagnosticado em estadiamento tardio, agressivo e metastático, relacionado, portanto, à taxa de mortalidade elevada das pacientes (AMERICAN CANCER SOCIETY - ACS, 2022a; MOR; ALVERO, 2013). Dado o cenário epidemiológico do CAOV, estudos que possibilitem o entendimento de suas bases celulares e moleculares são urgentes. Neste contexto, destacam-se pesquisas que correlacionam processos tumorigênicos com inflamação.
De fato, complexos proteicos do sistema imune inato – os inflamassomas – têm sido associados a progressão e metástases em tumores de etiologias diversas (WOOLERY et al., 2015). Todavia, o papel dos inflamassomas na quimiorresistência permanece sem esclarecimento. Os inflamassomas são proteínas que se oligomerização no citoplasma celular em resposta à sinalização fisiológica e patogênica, dependente de receptores de reconhecimento de padrões do hospedeiro (PRRs) encontrados na membrana, como os receptores do tipo Toll (TLRs) ou intracelularmente, por exemplo, receptores do tipo NOD (NLRs) (KARKI et al., 2017). Após interação com padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) ou a danos (DAMPS), os NLRs formam complexos para assim recrutar, por meio da da proteína adaptadora ASC, a pró-caspase 1 que é ativada por autoclivagem. A caspase 1 pode induzir a piroptose, morte celular por caspase, e regular a geração de interleucina 1β (IL-1β) e IL-18, as quais podem influenciar a atividade, diferenciação, proliferação, sobrevida e recrutamento de células imunológicas induzindo resposta inflamatória (KARKI et al., 2017).
Basicamente, a ativação dessas vias tem sido relacionadas ao desenvolvimento, à invasividade e à metástase de câncer pancreático, melanoma, corretal, cerebral, mama (WU et al., 2018), bem como CAOV (DAGENAIS et al. 2017; LUBORSKY et al., 2020). Em relação à aquisição de quimiorresistência, no carcinoma pancreático foi observado, “in vitro” e “in vivo”, secreção elevada de IL-1β e maior ativação de NF-kB, sendo o microambiente tumoral contribuinte para o fenótipo (MÜERKÖSTER et al., 2004). Como consequência, estudos têm avaliado o microambiente tumoral e a expressão de diversas citocinas em diferentes cânceres, como em melanoma, mama, pancreático, entre outros. Entretanto, pouco se sabe sobre o papel do microambiente tumoral no CAOV e a participação ativa das citocinas no seu contexto metastático. O inflamassoma estabelece envolvimento estreito com a inflamação patológica, pela ativação de vias intracelulares de morte por apoptose, piroptose e necrose, sendo, portanto, alvo potencial para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para doenças de base inflamatória. Dados preliminares de nosso grupo associaram o inflamassoma NLRP1 à quimiorresistência de células de CAOV à cisplatina. Se confirmados, seremos pioneiros em explorar a potencialidade da modulação de NLRP1 como alvo terapêutico contra o CAOV.
Diante do exposto, o presente projeto objetiva elucidar o papel de inflamassomas e citocinas, bem como os mecanismos tumorigênicos e viabilidade e morte celulares, no desenvolvimento do CAOV e na quimiorresistência adquirida de suas células à cisplatina. Para tanto, transcritos e proteínas serão analisados por qRT-PCR, Western blot e ELISA, bem como a ocorrência de piroptose será investigada, utilizando linhagens histologicamente distintas e com diferentes graus de quimiossensibilidade à cisplatina, a saber, a linhagem A2780 sensível à cisplatina e sua derivada resistente gerada pelo nosso laboratório, ACRP, além da linhagem OVCAR3 pan-resistente (cisplatina, doxorrubicina, ciclofosfamida).

Data de início: 10/03/2022
Prazo (meses): 48

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador LETICIA BATISTA AZEVEDO RANGEL
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